domingo, julho 20, 2008

Notas sobre o Palito Métrico

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Não devem ser poucos os que tropeçam nesta designação, mas não sabem do que se trata.
Grosso modo, aqui fica uma breve síntese do que é:

"Palito Métrico" é uma colectânea de poemas, cartas e recomendações escritas em latim macarrônico, assinado por Antonio Duarte Ferrão, pseudónimo atribuído a um presbítero secular, o padre João da Silva Rebello (1710-1790), doutor em Teologia ou Cânones pela Universidade de Coimbra.

O autor dessa obra de referência para a comunidade académica, nasceu em 1710 no Sortam, lugar da freguesia do Vimeiro, concelho de Alcobaça.

Publicado pela primeira vez em 1746, o "Palito Métrico"teve inúmeras edições e funcionou durante largas décadas como breviário das praxes académicas de Coimbra. O título, aliás, baseia-se numa praxe antiga que obrigava os caloiros a medirem determinada distância com um palito…

É, assim, o antecessor do Código da Praxe de Coimbra.

O "Palito Métrico" está inserido numa obra mais vasta denominada "Macarronea Latino-Portugueza" que, além do "Palito", contém outras obras de diversos autores, todas escritas em latim macarrónico - umas em prosa, outras em verso.



Sobre o Palito Métrico recorda João Baeta o seguinte:

"As tradições e costumes escolares fôram recolhidos no Alcorão da praxe denominado Palito Métrico.
Como a da Biblia divina e a dos sagrados Veddhas, foi respeitada por cem gerações a auctoridade dos seus preceitos.
(…)
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E toda a arruaça, toda a desordem, lá estava o Palito Métrico a rege-Ia com o despotismo theologico dum canon.
Ali se continham sabias disposições dogmáticas, uma liturgia de respeito, desenvolvida com largueza, conselhos a novatos, regras de moralidade académica, varios poemas em latim macarronico, narrativas, elegias, apologias, todo um corpo de doutrina para que veiu contribuindo, desde o seculo XVIII a graça anonyma das gerações coimbrãs.
O Palito Metrico é o riso aberto dos rapazes de outrora, riso vingativo da férula cathedrática, uma caricatura engraçadissima do viver escolar de Coimbra, no tempo em que havia mocidade
e alegria, já desde quando a cabra e o cabrão, do alto da torre do Paço, começaram a mandar para os ares, de manhã e á noite, o aviso e a ordem para começar o estudo, as horas tristes, como se dizia no tempo de nossos avós."

Coimbra Doutora” de Hipólito Raposo (1885-1953). Coimbra: F. França Amado, 1910 - Pág. 87/89
 
 

Para mais informações, e com maior detalhe, ler: http://penedosaudade.blogspot.pt/2011/09/palito-metrico-codigo-da-praxe-ou.html
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