domingo, maio 13, 2012

Notas a um Cortejo sem Tradição (Parte II)

Nem de propósito.
Como diz o povo, "cada tiro cada melro".
 

 




Bonito serviço!
A legenda é dúbia: Percebe-se o FEP (Faculdade de Economia do Porto), mas não o nº 150.
Seja como for, é um "non-sense"

Mas não apenas de vermelho como também de ténis brancos:


 

Dirão alguns que os cartolados não estão trajados porque não andam de capa ou de gravata. Nada mais errado.



Recordo que desde há décadas que já  se institucionalizou a figura do cartolado na forma de como se apresentar vestido e das "insígnias" próprias dessa condição no cortejo.


A Cartola, bengala, laço e Roseta, surgidos no ano de 1931-32, adendam algo que era muito ligado ao traje académico, o qual é uma versão laicizada do deposto traje de "abatina".
Com efeito, a versão aburguesada do traje discente, está em tudo próxima (porque pretendia, precisamente, essa similitude) da indumentária usada pela dita "alta sociedade", pelos "gentlemen" da época.

Assim a cartola e a bengala (tal como laço e roseta) remetem para a figura que se pretendia evocar, aquela que se pretendia atingir: a do estatuto - traduzido pelas roupagens de quem ocupava um estrato social e posição superiores (e a alta sociedade, os endinheirados, os deputados, os doutores..... usavam precisamente a toilette ditada por essa etiqueta: fato, bengala, cartola...).
O uso da cartola, bengala, laço e roseta prefiguram, assim, na génese, uma antecipação daquilo que o recém formado sonha(va) e espera(va) atingir com canudo na mão.

Já os ténis em nada se conjugam com o simbolismo e analogia da cartola e da bengala, pois não são os ténis próprios à toilette burguesa ou, neste caso dos dias de hoje, associáveis a uma toilette formal.
Não vêm pois acrescentar nada, mas deturpar. Veja-se que cartola, laço, bengala e roseta não alteram o traje na sua essência, antes o aproximam ao modelo que lhe serviu de paradigma. Já os ténis substituem-se ao sapato. Ora os ténis não são próprios seja de que fato for, a não se o  fato de treino.
O que vemos na foto não é traje, mas ultraje.
Assim vão as modas no Porto.

SOBRE A ORIGEM  DA BENGALA, LAÇO, CARTOLA E ROSETA, CLICAR AQUI.
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Fotos de João Pedro Rocha, publicada pelo Facebook da FAP - Federação Académica do Porto em 10 Maio 2012: https://www.facebook.com/media/set/?set=a.10151686207005284.835265.432040235283&type=3)

sábado, maio 12, 2012

Notas ao Magnum e Serenata do Porto

Para os verdadeiros Académicos, os Tunos, os Praxistas, os estudantes, que não apenas do Porto.

Leiam com tempo e paciência. É longo, mas de sobremaneira importante pela gravidade e pela necessidade de informar e formar.



I PARTE


Começar por dizer que tem sido, nestes últimos dias, um corrupio em torno deste lamentável incidente, o qual, contudo, veio apenas confirmar o que toda e qualquer pessoa de bem e com dois dedos de testa sabe: é o “Magnum do Porto” (o dito "Conselho de Veteranos" - que é mais um grupo geriátrico de ressabiados, isso sim) um organismo que parasita a Praxe e é liderado por uma pessoa que me escuso adjetivar para não cair no insulto grosseiro.


O video que se segue retrata a ponta o icebergue:


O que se passou, de facto? Bem, apesar do que, precipitadamente, e sem ouvir as partes, referiu a publicação "Porto24" (publicação que, mais tarde, então sim, trouxe a lume a outra versão), o que sucedeu, segundo as fontes consultadas, e que assistiram in loco, foi o seguinte:

 a) O Grupo de Fados do OUP (instituição que celebra no corrente ano o seu centenário e à qual se deve a manutenção das tradições académicas no Porto, nomeadamente a Serenata), foi, como é costume, convidado para a Serenata.
b) Houve uma reunião, com presença dos grupos envolvidos, da FAP (organizadora da Queima) e do Dux e alguns elementos do "Magnum". Tudo ficou acertado, sem problemas.
c) Ficou acordado que o Grupo de Fados do OUP, o qual estava no ano do seu Centenário, levaria mais elementos do que o costume, num total de 19 pessoas, pertencentes a várias gerações do grupo - algo que todos acharam boa ideia - por ser este ano o dos 100 anos do Orfeão.

Apesar disso, alguns elementos do “Magnum” (devido a questões antigas, algumas pessoais, nomeadamente o facto de OUP não se vergar ao Conselho de Veteranos), queriam que o grupo do OUP não fosse a palco com essa gente toda ou nem fosse sequer.

O Dux, numa atitude surpreendente (pois foi caloiro "expulso" do OUP), tomando a defesa daquilo que ele considera “carinhosamente”, ainda o assim, “o seu Orfeão” afirmou que não, que o grupo de fados do OUP ia (como tinha de ir, forçosamente) e que era ele que mandava. Tudo isto se passou à frente da própria esposa do Dux (antiga orfeonista) que ali estava também.

 Como tradicionalmente acontece, o OUP cedeu os estrados onde os fitados convidados assistem à serenata, em cima do palco, em representação das diferentes faculdades.

 No dia da Serenata, estava agendado um check-sound da parte da tarde. O grupo de fados do OUP compareceu, tendo-lhe sido dito que afinal não se realizaria e que comparecesse ao fim do jantar.
Tudo decorreu com normalidade, até à hora em que o Grupo do OUP (que não era composto só de estudantes, mas de muitos antigos estudantes) se apresentar, como combinado, para entrar, tendo chegado ao local por volta das 23:30. Dirigiu-se ao palco para fazer a calibração de som, sem que tivesse havido qualquer impedimento. Cerca de 5 minutos depois, um elemento da organização pediu com todo o polimento que saíssem a fim de se fazer um controlo de entradas – pretensão razoável, face ao exagero de “acompanhantes” que se verificou em anos anteriores.


 O grupo assim fez, tendo-se dirigido para uma “zona de aquecimento” na parte de trás da Cadeia da Relação. Ao regressar à zona do palco (cerca das 23:45), foi então barrado pelo Dux do ISEP (mais uma vez o nome dessa instituição metido onde há distúrbios - e começa-se a perceber porquê, tudo por causa de uns quantos que denigrem os demais) que os não quis deixar passar, alegando que só poderiam entrar 10 elementos.

 Tendo reunido, decidem os elementos mais antigos do Grupo de Fados do OUP não actuar, pois o OUP, a Queima e a Praxe são para os actuais estudantes.
Os elementos do Grupo de Fados protestaram, dizendo que não fora isso o combinado com o Dux Veteranorum e a FAP, sem resultado. Entraram em contacto directo com o Dux Veteranorum, tendo o mesmo solicitado que passassem o telemóvel ao Dux do ISEP.
Este recusou, alegando que “Não tenho nada que falar com o [Dux Veteranorum] por telemóvel”. Pediram então para falar com o Coordenador da Serenata e o responsável da FAP, e o mesmo indivíduo continuou a recusar chamar fosse quem fosse. Continuaram as tentativas de o chamar à  razão, sem sucesso.

 Declara então que afinal só poderiam entrar 5 elementos: já não 10 nem os 19 acordados.

Está bem de ver o ridículo e a má fé e uma "vingança pessoal", abusando de um poder que não tinha sequer.
A ideia era fazer arrastar a questão com o objectivo de atrasar a entrada do OUP o mais possível, para dar pretexto a que se mandasse um outro grupo abrir a serenata, colocando a culpa na “intransigência” do OUP – eventualmente fazendo-os desistir, vencendo pelo desgaste.

 Lamentavelmente, houve um outro grupo que se prestou ao papel: o de Medicina.


 ATENÇÃO: Tradicionalmente, cabe ao Grupo de Fados do OUP abrir a Serenata, por ser o mais antigo.


Porque eram assim injustificadamente impedidos, e já fartos daquela palhaçada, passava pouco da meia noite (dá para ver pela hora do vídeo), deram voz à sua indignação os orfeonistas (e antigos orfeonistas) cantando a "Samaritana", ali mesmo onde estavam.
Esta atitude de protesto enfureceu o Dux do ISEP, que investe da forma que se vê no vídeo e empurra diversas vezes um elemento do OUP (segundo 16 do vídeo), que, farto de se ver agredido – apesar de outros elementos do OUP o tentarem dissuadir – mais não fez do que reagir a uma agressão (segundo 20 do vídeo): quem “atirou a primeira pedra” foi o dito cujo veterano da praxe.
O Grupo de Fados do OUP retira-se, então, do local
Pouco depois (por volta das 00:30), e muito convenientemente, chegava o Dux Veteranorum.

O que fica, contudo, para a história, é que, formalmente, a serenata começou já quase às 00:30, sem abertura oficial por parte do grupo que deveria fazê-lo: o do OUP.
MAS PIOR DO QUE ISSO: A SERENATA COMEÇOU SEM QUE HOUVESSE A TRADICIONAL ABERTURA COM A FÓRMULA DA PRAXE: “ In nomine Solenissima Praxis, Serenatae Queimae Fitarum MMXII aberta est.”

A vaidade pessoal, o ódio incontido, a vontade de insultar e humilhar foi mais forte do que a Praxe que dizem defender. Triste.

 Nos estrados cedidos pelo próprio OUP, estiveram todos, menos quem devia.
Note-se que o OUP poderia ter exigido que os estrados que emprestara lhe fossem imediatamente devolvidos., mas não quiseram estragar a festa. Mesmo estando a ser insultados, humilhados e agredidos – também fisicamente.
É uma atitude pequenina? É.
É daquelas atitudes sem impacto mediático, mas que mostram claramente quem respeita a Academia e quem a não respeita.


Vergonhoso.



II PARTE


Na madrugada desta terça-feira, os elementos do OUP, reunidos de emergência, em razão dos incidentes ocorridos, foram importunados pelos dito "Conselho de Veteranos" à porta da sua sede, procurando estes últimos a intimidação e desafiando os elementos reunidos a apresentarem-se na Praça dos Leões para ali serem, pelos vistos, expeditamente julgados e, pasme-se, praxados.
Poderá o Dux Veteranroum alegar que era só para conversar com o Presidente do OUP, mas só um néscio acredita, pois quando queremos conversar, pegamos no telefone e falamos com a pessoa, combinamos um lugar ou vamos ter com ela.....e não mandamos a matilha fechar a rua, fazendo cerco à sede do OUP.

Um clima de ameaça por parte de gentalha que não tem qualquer legitimidade, não existe juridicamente, é claramente anti-praxe na sua forma de agir e estruturar e, contudo, veste a pele de uma qualquer milícia do 3.º mundo, pronta a ajustes de contas à boa maneira de um gangue de meliantes.
Essa trupe de facínoras, composta pelos líderes e dezenas de ultra-radicais (que nem devem saber do que se passa, mas seguem o líder da matilha sem questionar) manteve-se de pedra e cal até bem perto das 5 da manhã.

Só não se percebe por que razão não foi pedida intervenção da PSP. Eram identificados os senhores e acabava-se, logo ali, a brincadeira.

III PARTE


O que espantou, ou não, meio mundo (pelo menos aqueles que andam atentos e/ou não se deixam levar em conversas), foram as declarações do Dux ao "Porto24" (acima linkadas), contradizendo-se, contrariando o que dissera na reunião preparatória (como se pode assim mentir, quando a própria esposa desse senhor estava presente na reunião onde concordara com tudo?) e dando o dito pelo não dito, num claro exercício de perjúrio e de total falta de carácter.

Só que a versão que o "Porto24" tão depressa publicou (sem ouvir as partes - quase parecendo um artigo feito por encomenda) foi logo desmentida nos comentários que a ela se seguiram (às dezenas).
Fica aqui apenas um deles (datado de 7 de Maio e colocado às 22h54), por parte de quem assistiu, que se identifica como "Tiago", e que não era parte envolvida:

"Eu estive a 2 metros do acontecimento.
Vi tudo e ouvi tudo.Facto 1 – A FAP convidou o Grupo de Fados do OUP a abrir, como sempre aconteceu, a Serenata Monumental.
Facto 2 – Às 23h40m o Grupo de Fados foi informado no local que apenas poderiam entrar 10 elementos. 3 semanas antes o Grupo de Fados do OUP havia informado a FAP que iria levar 25 elementos
Facto 3 – O Grupo de Fados do OUP realizou o Sound Check normalmente.
Facto 4 – O Orfeão Universitário do Porto cedeu os estrados à FAP para a realização da Serenata.
Facto 5 – Os elementos do Grupo de Fados do OUP ao dirigirem-se para entrar no acesso ao palco foram informados que em vez dos 10 afinal só poderiam entrar 5 elementos.
Facto 6 – Um elemento do Grupo de Fados do OUP telefonou ao Américo Martins relatando o sucedido. O Américo pediu para passar o telemovel ao Dux do ISEP que barrava a entrada, que recusou dizendo “Eu não falo com o Américo pelo telefone”
Facto 7 – Passado 5 min da meia noite e cumprindo a tradição que criou, o grupo de Fados do OUP juntamente com outros estudantes começaram a cantar a Samaritana o que levou o Dux do ISEP partir para a agressão.
Facto 8 – O Américo quando chegou já esta situação tinha terminado."


Perante tudo isto, claro está que foi grande o burburinho, com amplo eco nas redes sociais e na Net (informar, já agora, segundo se sabe, que o "Magnum" proíbe os seus seguidores de comentarem na Net, porque dizem que a Praxe não se discute aí, como se a Net fosse "anti-praxe", só para verem a tarimba dessa gente que no seu autismo prepotente, nem se submete ao contraditório, pois sabe que seria ridicularizada pela sua falta de competência, saber e argumentos).

Recentemente houve uma discussão acesa no blogue do Praxe-Porto, sobre a Praxe no ESEIG e ficou bem patente os muitos insultos de certos partidários radicais e fundamentalistas (acabando muitos deles por retirarem os posts, depois de terem sido, como se veio a saber, advertidos pelo seu pseudo-organismo de praxe, para não comentarem mais ou retirarem as intervenções,nas quais se cobriam de ridículo, diga-se).

IV PARTE


Em razão do sucedido, o OUP deliberou e expressão tal numa carta aberta que publicou ontem:

CARTA ABERTA DO ORFEÃO UNIVERSITÁRIO DO PORTO

AO MAGNÍFICO REITOR DA UNIVERSIDADE DO PORTO, AOS PRESIDENTES DOS CONSELHOS DIRECTIVOS DAS FACULDADES DA U.PORTO, AOS DIRIGENTES DAS ESTRUTURAS ACADÉMICAS DA UNIVERSIDADE E DA ACADEMIA DO PORTO, AOS FUNCIONÁRIOS, AOS ESTUDANTES A TODA A UNIVERSIDADE DO PORTO E RESTANTE ACADEMIA DA CIDADE


Uma deliberação que vem já com anos de atraso, mas que veio, finalmente.
Resta esperar que possam os prevaricadores, esses tais, porventura frustrados por não terem lugar nas juventudes partidárias, e que só conseguem polir seus egos no meio dos putos (nomeadamente dos mais ingénuos e desinformados), serem devidamente punidos, desde logo lhes retirando todo a autoridade e reconhecimento; ignorando-os, simplesmente.


V PARTE


Decorrente da deliberação do OUP, é publicado o seguinte cartaz, em jeito de comunicado:




É de aplaudir, porque finalmente se bate o pé a um evento que, pasme-se, deve observância ao Dux e ao seu séquito (com direito a subir a palco e tudo, vejam só a lata), quando é um certame de Tunas.
Lá está: quando as pessoas misturam Praxe Tunas........

Bem sabemos do que sucedeu há pouco tempo, com o Magnum a atacar vergonhosamente as Tunas da Portucalense (apenas como consequência de terem exonerado o Dux de lá), declarando-as anti-praxe, e ameaçando todas as demais que aceitassem ou lhe fizessem convites do mesmo ostracismo.
Obviamente que grupos houve que despiram a sua condição de Tunas e se venderam, passando a Trupes Musicais da Praxe (claro está, com o ISEP à cabeça).

Desta feita, a TUP e a TFOUP, responderam à altura, não se misturando e deixando claro que o que é de Tuna não é de Praxe.
Mas tarde se seguiram outros grupos do OUP, não participando no Sarau.

Pena, ainda assim, que só agora, e porque lhe pisaram os calos, é que se insurgissem, quando ficaram (como tantas outras) caladas aquando do vil ataque do “magnum” às Tunas da Portucalense.

Quem sabe se com estes exemplos, o mundo tunante não passa a agir e a pôr em campo a devida auto-regulação, a unir-se e a defender a sua comunidade como um todo. O mesmo com os praxistas, os académicos e com os que querem uma Praxe digna.



EPÍLOGO


A resposta adequada a tudo isto seria que todas as demais tunas, Tunas de facto, procedessem do mesmo modo, mas bem sabemos que o palco do FITA é razão suficiente para trocarem a sua idoneidade e venderem a própria alma.

 O mesmo dizer de outros grupos académicos, os quais deveriam rejeitar ter esses ditos "veteranos" como interlocutores e rejeitar-lhes qualquer subserviência.
Cabe aos estudantes e forças vivas da Academia do Porto uma resposta. Será mediante ela, ou falta da mesma, que se verá quem é quem e que tipo de Praxe, de académicos e de carácter dita e define as gentes de capa e batina na Invicta; quem assobia pró lado, quem baixa as calças e quem se decide, de uma vez, a bater o pé e a mudar o estado das coisas.

 O certo é que, como dizia o “Saraiva das Forças”: "Quando a Academia faz m*rd*, limpa o c* à Capa".

Alongo-me, ainda mais, com uma citação de um artigo fabuloso, escrito em 2007, e já nessa altura mostrava precisamente estas ingerências do Conselho de Veteranos, demonstrando a pequenez intelectual, a mediocridade praxística, e falta de chá de uma pandilha que nem o seu lugar sabe ocupar, pensando poder ombrear com o OUP.
O artigo em causa teve que ver com o facto de o Grupo de Fados do OUP não ter sido convidado para a Serenata de Recepção ao Caloiro. A coisa já vem de longe.

"Ora, ou muito me engano, ou há aqui veteranada. Fartos de não terem autoridade, as cabecinhas pensadoras da nossa praxe viraram-se para o autoritarismo. Deu-lhes para porem no mesmo pé de igualdade o OUP e os restantes agrupamentos circum-escolares (se é que têm esse estatuto). E aqui começa o erro fatal:

1 - o OUP é uma instituição mais antiga do que a maioria das faculdades da Universidade do Porto;

2 - o OUP, do alto dos 95 anos de História e de memória viva da Academia - para o bem e para o mal -, não aceita lições de praxe de ninguém, nem precisa de ser chamado às responsabilidades académicas que sempre soube cumprir - quando para isso teve condições;

3- o OUP trajou capa e batina durante o PREC, numa altura em que os pais de alguns dos actuais "Duces Facultis" ainda nem haviam começado a namorar...

4 - o OUP sempre manteve um grupo de fados, dentro da medida das suas possibilidades artístico-etílico-voluntar​iosas e, com isso, criou uma escola e uma continuidade - coisa que nenhuma das outras faculdades da UP (e não só) mantém, sequer; regra geral, esses grupos foram (são) intenções espúrias e sobrevivem para Queimas e afins graças a velhas glórias que só aparecem nessas alturas;

5 - este vosso criado, que tantos ouvidos arranhou com as suas guitarrices, por exemplo [não desfazendo o enorme Zé Costa, o supremo Ruizão, o academíssimo Misha, o incansável Astro, o veteraníssimo Tocas, o esforçadíssimo Tutan, e tantos outros (perdoem-me a não-inclusão no rol) que actualmente militam na Veterana] deixou o OUP e, por consequência, o Grupo de Fados, ainda as cabecinhas (muito "inhas"...) pensadoras não sabiam as primeiras letras;
 (...)
 onde estavam esses "senhores" quando o OUP:
1. reintroduzia a capa e batina no Porto?

2. constituía o acervo da memória da Praxe?
3. cedia as suas instalações e o seu potencial humano na adopção da capa e batina como traje académico nacional em detrimento da velha "loba"?
4. aderia aos lutos académicos de 1914, 1939 e 1969?
5. levava aos quatro cantos do mundo o nome da Academia, ao som dos Amores de Estudante?
6. criava o conceito de Festival de Tunas em Portugal?
7. moldava o rosto da queima com a Romaria Académica?

8. manteve a Praxe viva, contra ventos e marés politiqueiras?
9 . criava o traje feminino?...
10. era agraciado com a Medalha de Ouro de Mérito Artístico da Cidade do Porto?
11. a sua alta conduta cívica e moral lhe valiam a Comenda da Ordem de Benemerência (atente-se bem no significado desta comenda)?
12. o seu papel inigualado na divulgação da cultura portuguesa junto das populações mais isoladas lhe valia a Comenda da Ordem de Instrução Pública (e reflicta-se no significado deste galardão) - quantas ambulâncias foram compradas com o dinheiro angariado pelos espectáculos que o OUP ofereceu? Quantas igrejas recuperadas? Quantas agremiações culturais reestruturadas, reequipadas, "re-sedeadas"?

14. dava dos estudantes do Porto a imagem de generosidade, daqueles que, mais favorecidos pela sorte, partilhavam com irreverência e galhardia o seu tempo, sempre com o mesmo brio, no palácio como na choupana?

Quantas outras instituições de cariz académico desta cidade, e mesmo sem este cariz, pode apresentar algo que sequer se assemelhe? Não certamente o Magnum... Sem desprimor para os outros grupos de fados, que não devem ser responsabilizados por esta fantochada: também eles não podem fazê-lo...

Para tudo resumir: onde estava o Magnum Consilium Veteranorum quando o OUP cumpria SOZINHO as OBRIGAÇÕES DE TODOS?
Espera lá: NÃO estava, pura e simplesmente. E pasme-se: PORQUE NEM SEQUER EXISTIA!...

Isto, se mais não fosse, deveria fazer corar de vergonha os perpetradores da aleivosia.

Como Académico, sinto-me desconsiderado e injustiçado. Como Orfeonista, sinto-me muito acima desta tropa fandanga de veteranos de 3/4 de mês - tanto que a surpresa é maior do que o real valor do insulto.
Pessoalmente, reajo muito mal às injustiças. Não me critiquem por reagir ainda mais a uma injustiça que considero pessoal."

in http://tvpenianos.blogspot.pt/ (artigo de Eduardo Coelho, de 22 Outubro 2007).

Termino deixando o link para 2deliciosos artigos de opinião, precisamente sobre esta questão:

http://asminhasaventurasnatunolandia.blogspot.pt/2012/05/aventura-da-teima-das-pitas.html
e
 http://asminhasaventurasnatunolandia.blogspot.pt/2012/05/aventura-do-fita-requiem.html

quinta-feira, maio 10, 2012

Notas à Capa Suja

Estava eu ontem à conversa com a minha afilhada, que me apareceu toda bonita de capa e batina (só agora passou a vestir, porque na sua faculdade  - Lisboa -  dizem que os os caloiros só na noite da Serenata é que trajam pela 1ª vez; prova de que continua a haver muita gente ignorante e que só diz besteiras), quando reparei na sua capa, ainda tão recentemente estreada, já suja com grandes manchas beje-acastanhadas.

Logo lhe disse que devia, na 1ª ocasião, depois da Semana Académica,  tratar de limpar aquilo, a que se seguiu a seguinte conversa (aqui abreviada):

- A capa não se limpa!
- Mas onde ouviste isso? Que parvoíce é essa de não se poder lavar?
- Foi o que me disseram.
- Ah, pois, mas não faz sentido nenhum.
- Mas está no nosso código e diz que nunca se lava a capa!"

Está bom de ver que algo de errado se passa naquela faculdade, e em tantas e tantas outras,  no que toca a coisas tão simples que querem transformar em papismos de meia-tigela.
Para o lixo com códigos que colidem com a Tradição e se arrogam o direito de inventar, deturpar e desvirtuar com base na ignorância, na pequenez intelectual e na falta de dois dedos de testa para pensasr e perguntar, antes de se armarem aos cucos!

Para o lixo com todos eles, com todos esse libelos da treta que conseguem ser mais anti-praxe do que outra coisa qualquer, enganam e induzem em erro os estudantes.
Já neste blogue se demascararam outros mitos (pins, emblemas, colheres de café na gravata, relógios, pasta de praxe, origem do traje, o nº impar, latim macarrónico, o grito FRA, insígnias......) e este é mais um.

Desde quando é Praxe e Tradição não se limpar a capa?
Desde quando é Praxe ou Tradição andar porco e sujo, trajando-se um uniforme (capa e batina ou qualquer outro traje académico)?

Propalam-se muitas patetices, a começar por esse supostos "líderes da praxe", cujos cargos são verdadeiros hinos à ignorância e incompetência, secundados pelos praxeiros em rebanho obediente no seu balir praxístico.
Depois a justificação é "o nosso código diz...", como se um codigozeco inventado à pressão se pudesse sobrepor à Praxe e à Tradição que lhe são anteriores e que são património basilar e transversal para a própria fundamentação de qualquer código de Praxe digno desse nome.
Não percebem que é imperativo haver um precedente e uma justificação na Tradição para validar um código que se arroga, ele próprio, repositório de tradição?

O traje e a capa devem ser limpos, sempre que andrajosos, sempre que sujos. Na capa não se colecciona esterco ou sujidade como se de medalhas se tratassem. A sujidade não é brasão que se cosa à capa e não é marca que digifique seja quem for. Se assim fosse, alguns sem-abrigo seriam Super-Dux.
Quem pensa e diz tais besteiras não é só a capa que devia limpar, mas o cérebro.

Aprumo e limpeza sempre foram exigidos em qualquer uniforme, em qualquer traje, e o Traje Nacional ou Traje Académico não foge à regra.
É uma questão de civismo, educação e excelência.
Aturar maus praxistas é uma coisa, mas que ainda por cima sejam porcos..........

Legislar a dizer que se tem de andar com uma peça de roupa mesmo que imunda é vergonhoso, triste e completamente parvo. Nem parece vindo de estudantes do superior.

Essa "moda" já não é nova, tem alguns anos, sabemo-lo.
Advém da mente de gente que queria, à força toda, (para darem nas vistas) imitar os antigos estudantes que só tinham o seu traje como indumentária diária (quando o porte era obrigatório, ou mesmo depois quando era a pouca roupa que possuíam) e que se rompia e sujava devido ao seu uso intensivo.
Só que o traje não é de porte obrigatório há 100 anos, nem o recurso a quem tem pouca roupa - que hoje é bem caro, até, comprá-lo!!!

E mais: não existem registos de estudantes andrajosos, sujos e com o seu traje/uniforme imundo! Não, não existe, porque era obrigatório, precisamente, o aprumo.
Em lado algum existe referência a não se poder lavar a capa. Só mesmo em codigozeco de meia-tigela.
As capas, e o restante traje também, sofriam com o passar dos anos, e andavam bem rompidos no caso dos mais veteranos, mas não consta que andassem sujas como hoje alguns as deixam (sob pena de nem poderem entrar nas salas de aula). Aliás, não era invulgar alguns estudantes comprarem novas capas ou mesmo calças, batinas ou coletes, a par com sapatos.

Note-se que há quem propositadamente suje a sua capa, a deixe pelo chão, só para lhe dar um ar "veterânico" (a lembrar aqueles filmes onde se amachuca uma folha, se passa por café e outros quejandos, para imitar um papel antigo), naquilo que é um desrespeito total pelo uniforme que envergam, inventando depois essa coisa estapafúrdia que não se limpa a capa porque as nódoas são recordações da vivência académica!
É preciso ter lata e ser muito estúpido para tal argumento, tamanho é o ridículo e absurdo do mesmo.
Quem assim faz, faz triste, patética e ridícula figura, pretendendo obter veterania pelo que aparenta e não pelo que deve ser e saber.

Historicamente, tradicionalmente, fique claro, não há nada que justifique não se limpar o traje e a capa também, muito pelo contrário.

Com efeito, bastaria recordarmos aqui  o Edital da Vice-Reitoria de 22 de Abril de 1839, e depois o Decreto de 25 de Novembro (Regulamento da Polícia Académica) desse mesmo ano, que determinava que quem entrasse nos Gerais e nas salas de aula o fizesse com "vestuário próprio", ou seja envergando o traje académico. Determinava explicitamente o art.º 27º que o traje reservado aos lentes, doutores, professores e estudantes deveria ser limpo e decente.

No entendimento da época, como refere António Nunes [in Identidade(s) e moda, Percursos contemporâneos da capa e batina e da sinsígnias dos conimbricenses. Bubok, 2013, p.73], "limpo e decente" abrangia a higiene corporal e vestimentária.
Assim, o traje e a capa eram limpos/lavados, sempre que se apresentavam demasiado sujos para exprimirem o aprumo que se exigia a um uniforme como era o traje estudantil.

No edital datado de 24 de Abril de 1862, pouco depois do reitor Basílio Pinto ser reconduzido no cargo, ordena-se que "qualquer estudante que for encontrado em público com vestido talar académico, sem ser limpo e decente, como ordena o art.º 27 do Regulamento da Polícia Académica de 25 de Novembro de 1839, será recolhido à casa de detenção académica pelso empregados da Polícia Académica que o encontrarem, ou dele tiverem notícia, dando-me logo parte de assim o terem praticado".

[idem, p. 84]



In "Legislação académica desde o anno de 1851 inclusivamente até ao presente" , editada em 1954 pela UC. Edição Impressa colligida e coordenada por José Maria de Abreu.



Aliás, como podemos esquecer, por exemplo, que o acto de passar em revista o traje  não concerne apenas o correcto porte, mas igualmente o aprumo, a sua limpeza (capa incluída)?

Nota: Como disso damos conta no artigo sobre "Foro Académico", no qual também abordamos a questão da Polícia Académica, é possível perceber que, em finais do séc. XIX, fruto de um crescente descontentamento interno e externo (desde a revolução vintista e guerras liberais que a UC vive tempos conturbados), muitos estudantes que eram contra o traje talar (e reclamavam "modernidade" - que resultaria na transição para a "abatina") se apresentavam propositadamente com os seus trajes em condições lastimáveis ou então com adereçso proibidos pelo regulamento de disciplina em vigor, como forma de provocar as autoridades e atitude reaccionária. Convirá não confundir tal com o romantismo ficcionado dos velhinhos estudantes de trajes puídos pelo uso.


Nota: também me disse essa minha estimada afilhada que só era Pastrana quando inciasse o seu 2º ano na faculdade, revelando que na instituição que ela frequenta andou muita gente a aparvalhar a Praxe, deturpá-la e a espalhar mitos; gente que manda na Praxe lá do quintal deles, mas que destes assuntos não passou ainda de caloiro.

Pastrano é a designação dada ao estudante que deixou de ser caloiro com o início da Queima das Fitas (época que marca a emancipação), até à 2ª matrícula.
É caloiro, mas já pode usar a pasta da praxe.
No palito métrico, "pastrano" é um nome equivalente a "caloiro"/"felpudo"/"loiraça" ou "boroeiro" - expressão injuriosa para designar os novatos. Aliás, o próprio João Fernandes do Palito Métrico é descrito como tendo descido do monte/casal até Coimbra. Termina a aventura a guardar cabras e ir à tábua. mesmo em Espanha, era frequente nos colégios dizerem ao recém-chegado que era filho de lavradores/pastores, etc.
Pastrano deriva de "pastorano" - pastor, daí o significado de "rústico, grosseiro". Cf. http://www.lexico.pt/pastrano/


Como lho disse a ela, digo-o para qualquer outro do género:

-Para o lixo esses codigozinhos da treta. Para o diabo tanta ignorância e estupidez disfarçadas de grandes heranças do passado.
Rasguem-se as páginas desses manuais e deixem apenas o que é TRadição, de facto.
Os códigos ficavam mais magros, mais fáceis de conhecer, transportar e respeitar, por só conterem o essencial, o genuino, o que de facto importa.