sábado, agosto 18, 2012

Notas às Récitas dos Quintanistas de Coimbra

Um costume muito difundido no final do séc. XIX prendia-se com a realização de récitas por parte dos estudante finalistas da Universidade de Coimbra, as quais saíam fora de portas e se realizavam em inúmeras vilas e cidades "limítrofes".

O facto de alguns destes grupos serem muita vezes denominados por "troupes académicas" (nome que também podia ser usado para significar Tunas), levou, em alguns casos, a alguns pequenos equívocos. Nada a ver, contudo, com a noção "praxística" de "Trupe".

Estas "troupes" (nome que vem do francês e significa grupo, sendo muito comum o seu uso para designar grupos ou companhias de teatro ou de artes circenses) eram grandes comitivas que se dedicavam essencialmente a representações cénicas (grupos dramáticos), embora também se fizessem acompanhar por músicos, nomeadamente para entoarem uns quantos fados.

Os estudantes eram recebidos como se de embaixadas oficiais se tratasse, como pompa e circunstância, váriso anúncios prévios nos jornais a anunciar a sua vindae programa, com as autoridades presentes, muitos discursos, oferendas.......

Estas récitas permitiam aos estudantes amealharem mais uns tostões para suas despesas, embora existam muitos relatos a darem conta de saraus, matinées e récitas com fins puramente caritativos, como sucedia na maioria dos espectáculos em que participavam estudantes.

Encontrei dezenas de referências a estas récitas que os estudantes, nomeadamente os de Direito, vinham fazer a Viseu (eram também muitos os viseenses a cursar Coimbra e, entre eles, o maior de todos, Augusto Hilário), mas também a saraus de caridade ou representações em altura de carnaval ou de férias escolares.
Mas não apenas Viseu, pois também outras vilas do distrito recebiam a visita destes estudantes que, nessa altura, faziam autênticas tournées pelas localidades mais próximas de Coimbra (como é o caso da Figueira), chegadno mesmo algumas a serem apresentadas, por exemplo, no Coliseu de Lisboa.

De referir, igualmente, como aliás um dos excertos comprova, que os próprios estudantes d eliceu promoviam récitas, igualmente aplaudidas e reconhecidas como tradição estudantil transversal.

Aqui ficam alguns artigos a darem conta dessas récitas e no que consistiam:


 Jornal O Commercio de Vizeu, de 10 Maio de 1888, III Anno, Nº 191



Jornal O Commercio de Vizeu, de17 Maio de 1888, III Anno, Nº 193



 Jornal O comércio de Viseu, 01 de Junho de 1893, VII Anno, Nº 718



 Jornal O comércio de Viseu, 25de  Janeiro de 1894, VIII Anno, Nº 786



 Ilustração Portugueza, 1ª Ano, Nº 23, de 11 de Abril de 1904, p. 359 (Hemeroteca Municipal de Lisboa).







Illustração Portugueza, II Série, Nº 329, de 10 de Junho de 1912, pp. 745-748 (Hemeroteca Municipal de Lisboa).





Illustração Portugueza, II Série, Nº 330, de 17 de Junho de 1912, p.799 (Hemeroteca Municipal de Lisboa).




1 comentário:

OMEGA disse...

Que fiquem bem claras duas "notas" para que não haja qualquer ambiguidade no texto introdutório:
- A "troupe" aqui mencionada nada tem a ver com a sua homónima agente de praxe académica. Antes deve ser ressaltada como manifestação do carácter "ad-hoc" da sua constituição (que se junta para um efeito, desfazendo-se logo de seguida)sem qualquer carácter de estabilidade ou organização perene.
- Augusto Hilário cursou Medicina nunca tendo frequentado Direito embora a sua "auréola" fizesse com que pudesse aparecer com quaisquer agrupamentos, atenta a sua popularidade. Estranha-se nestes textos a omissão do seu nome porquanto o mesmo cursava a Universidade por esta altura. Sinal que não acompanhou esta embaixada nem por cá se encontrava à data.

Apenas para que fiquer claro.
Abraço