terça-feira, junho 26, 2012

Traçar de Mitos

Este artigo é sobre uma cerimónia que foi recentemente inventada (nem 15 anos terá sequer) decorrente de um erro grave e doloso: que o caloiro não pode trajar.

Fique claro: o caloiro pode trajar, logo que se matricule no Ensino Superior. Qualquer determinação em contrário atenta à Tradição (que está acima de "tradições de 3/4 de mês").

As provas cabais e documentais sobre isso, podem ser AQUI encontradas.

Eu próprio fui assim doutrinado no passado (que os caloiros não trajavam). Mas o simples facto de ouvir quem disesse que tal não tinha razão de ser, que Coimbra (Alma Mater) nunca tal impusera (porque nunca fora tradição ou regra) levou-me desde cedo a colocar em causa as doutrinas avulsas e procurar apurar as coisas.

Se no passado não havia o acesso facilitado à informação, hoje parece-me não haver desculpa, embora saibamos que os meios informáticos também ajudaram a que mitos e erros fossem mais amplamente divulgados.

Nunca percebi essa fixação do traçar a capa. Aceito que alguns queiram valorizar o momento em que um caloiro traja pela primeira vez, mas haja inteligência para não ir além disso.

O baptismo/imposição da capa é bonito, é simbólico, o padrinho impõe a capa simbolicamente........ tudo muito certo e nada a obstar e é precisamente essa a origem desta cerimónia:  a imposição das capas (e não o traçar das mesmas) .
O problema é quando se ouve, em mais do que uma academia (é passar, por exemplo, os olhos em alguns fóruns) o seguinte (e similares):

- "Só podes começar a traçar a capa a partir da segunda matrícula" 
- "Não podes traçar a capa enquanto alguém não ta traçar na cerimónia"

Não há outro modo de o dizer: é de uma estupidez que nos leva a perguntar como é que esta gente anda no ensino superior.
Qualquer dia arranjam algo para o nº de furos do cinto das calças ou para o apertar do fecho da saia, ou ainda paa a colocação do primeiro emblema ou do primeiro pin. Haja pachorra!


As cerimónias ditas do "traçar da capa" são invenções recentes que, na sua quase maioria, nem existiam há 15 anos e que são uma deturpação daquilo queb originalmente se pretendia evocar: a imposição e baptismo da capa (mesmo que já tivesse sido usada).
Foram uma invenção criada para assinalar e festejar o facto de muitos caloiros trajarem pela 1ª vez na sua 1ª serenata da Queima (motivado pela estupidez de dizer-se que os caloiros não trajam).

Em rigor, no início (e vejam como rapidamente dão cabo das coisas) estes eventos nem sequer eram para "traçar as capas", mas sim para as benzer, seguindo-se depois a sua imposição pelo padrinho/madrinha.

Com efeito, tal tradição da bênção das capas, já vem de longe. Em Coimbra, conforme nos relata António Nunes, [Havia a tradição dos padrinhos dos caloiros lhes "baptizarem" a capa e o gorro, atirando-os ao chão, pisando-os e salpicando-os com gotas de vinho, costume que ainda se praticava na década de 1980] in Identidade(s) e moda, Percursos contemporâneos da capa e batina e da sinsígnias dos conimbricenses. Bubok, 2013, p.73, nota n.º 237.


Por se tratar de um momento solene, a capa era colocada descaída e nunca traçada.
O traçar, esse, ocorria já só no local da Serenata. Aí sim, se preciso fosse, e porque o caloiro muitas vezes ainda não dominava o gesto técnico de traçar a capa, era ajudado. Mas era judado pelos colegas e não necessariamente pelo padrinho ou madrinha.


Em casas onde permitem (e bem) aos caloiros trajar, vêm depois com a palermice de os proibir de traçarem a capa. Haja pachorra para tanta acefalia.

O traçar, em si, não tem significado rigorosamente nenhum. A imposição da capa ou o seu baptismo, aí sim, poderá reflectir algum simbolismo e solenidade.
Traça-se a capa como se abotoa um botão: quando dá jeito e é preciso, seja caloiro ou veterano, mas nunca numa cerimónia, onde a capa se usa descaída pelos ombros.


Ninguém dita quem pode, ou não, traçar a capa. Qualquer pesoa, seja caloiro ou veterano, traça quando bem lhe apetecer, para além da Serenata Monumental ou da Praxe em Trupe (excepto os tunos quando em serenata ou grupos de fado -  e é opcional) .

Em mais nenhum momento é preciso traçar a capa , nem sequer para "praxar" (outro mito estúpido e sem fundamento histórico).

Pare-se lá, pois, de dar corda a mais um mito.
É disso que muitas vezes falo quando critico os códigos (os ditos "codigozecos") da quase maioria das casas: que estão cheios de "lixo", de coisas que não têm fundamento histórico, que são artificialismos, invenções e que, muitas vezes, colidem com a própria tradição (como sucede com o proibir de relógios de pulso ou de lavar a capa).
Estão tão cheios de picuinhices, de papismos e "paneleirices" que complicam o que em Praxe sempre se quis simples e sóbrio (ao contrário de lapelas à general, de mangas arregaçadas para não se ver o branco e outras palermices do género).

Entretanto, também referir que se há cerimónias muito engraçadas, feitas com seriedade (e apenas se condena aqui proibirem caloiros de trajar ou, então, de traçarem a sua capa - isso sim uma aberração), e que são importantes, outras há que merecem total repúdio, onde praxam os estudantes sem nenhum motivo, quando não tem nenhum sentido ou fundamento o gozo ao caloiro nessa altura:





Por hoje é tudo.
Num próximo artigo, trataremos de mais umas quantas aberrações e invenções palermoides.
Veremos a questão do estar em Praxe, de estudantes que são caloiros N vezes, de Comissões de Praxe, Inscrições na Praxe, Regime de Faltas, Ser Praxado para estar na Praxe ou usar Traje.
Como podem ver, são N conceitos estapafúrdios e sem nexo que merecerão esclarecimento.

quinta-feira, junho 21, 2012

Notas "à séria" - Reitor da UP responde ao OUP e Academia do Porto

A carta aberta que o Reitor da Universidade do Porto dirigiu ao OUP.
Parece-me claro, definitivo e, pela primeira vez, um claro demarcar de certas pandilhas.
Par aalém do apoio renovado ao OUP, e de lamentar o sucedido nesta última Queima das Fitas, é de reter, e sublinhar, que a UP repudia e nem sequer reconhece legitimidade ao actual "Conselho de Veteranos" em representar a Universidade do Porto, chegando mesmo a acusá-lo de querer impor tradições que não o são, nem nunca o foram.

Quem souber ler este "atestado de menoridade", passado ao MCV, perceberá que os órgãos de Praxe da UP, e seus Dux, deveriam pensar, desde já, em constituir um órgão de Praxe da UP, à séria, e protagonizado por estudantes de facto, que pudesse repor dignidade e qualidade às tradições da Invicta.
 num organismo .
O actual MCV  deixou de ter legitimidade para representar as tradições da UP, tendo sido renegado e e condenado pela UP.
O Sr. Américo e o seu séquito, se tiver um pingo de vergonah na cara, fazem as malas e dão o lugar que há muito roubaram aos verdadeiros estudantes da academia do Porto.

Aqui fica o conteúdo da carta:

"
Data: 2012.06.06
Assunto: Carta aberta do Orfeão Universitário do Porto

Caros orfeonistas,
Consideramos que uma universidade não se resume a um mero espaço de transmissão, produção e aplicação de conhecimentos. Há toda uma dinâmica de convivência social que enforma os destinos da instituição e é determinante para o desenvolvimento pessoal de quem a ela pertence. Isto significa que, para lá da sua função formativa, as universidades devem ser territórios de convívio, companheirismo, cultura e diversão. Só assim se poderá falar, com toda a propriedade, de vida académica no seu sentido mais lato e nobre.
É para nós indiscutível que na Universidade do Porto, essa dinâmica de convivência social tem sido promovida e perpetuada, em boa medida, pelo Orfeão Universitário do Porto, desde a sua fundação em 6 de Março de 1912. As atividades do Orfeão têm contribuído para que a Universidade do Porto proporcione uma vida académica que comtempla a função pedagógica e científica da instituição, que extravasa as fronteiras do seu campus universitário e que promove a interação com a cidade.

 Entendemos, pois, que as atividades do Orfeão Universitário do Porto, para além do contributo cultural que dispensam à sociedade, são de importância capital no processo educativo dos nossos estudantes.


 Por tudo isto, o Orfeão Universitário do Porto merece ser acarinhado e reconhecido não só pela própria Universidade do Porto, mas também pela sociedade civil, por instituições de relevância pública, por empresas e por todos aqueles que integram a comunidade académica do Porto, designadamente os seus atuais estudantes, os antigos alunos, os docentes no ativo e os professores já aposentados.

 Face ao carinho e consideração que nos merece o Orfeão Universitário do Porto, é imperioso que sintamos uma profunda indignação pelo desprezo de que foi alvo na Semana da Queima das Fitas e pelos maus tratos que foram infligidos a vários dos seus elementos durante esse mesmo período.
Repudiamos com veemência tais acontecimentos e a falta de solidariedade e respeito académico que estiveram na génese dos mesmos. Somos contra todas as formas de intimidação, violência, coação física ou psicológica e desrespeito pela pessoa humana. Por isso, não podemos deixar de condenar e lamentar profundamente o sucedido, que consideramos em grave desrespeito ao Orfeão Universitário do Porto e à própria Universidade do Porto.

 O sucedido é tão mais de lamentar quanto tais desacatos são promovidos por um denominado “Conselho de Veteranos” que nada tem a ver com a Universidade do Porto e que se arroga o direito de impor o que apelida de “tradições académicas” aos estudantes da U. Porto, “tradições” essas que não têm qualquer tradição na nossa Universidade.

É com preocupação que constatamos na vossa carta aberta uma referência à Federação Académica do Porto, instituição que merece o nosso maior respeito e com quem temos mantido uma colaboração profícua em prol dos nossos estudantes. Queremos acreditar que não terá tido qualquer intervenção nos problemas que nos relataram. Contudo, consideramos que a FAP deveria tomar uma posição clara de demarcação relativamente ao tal “Conselho de Veteranos”.

 Nesta hora difícil, queremos manifestar a nossa maior solidariedade ao Orfeão e a todos os seus membros. A melhor resposta é procurar fazer sempre melhor, dignificando e prestigiando cada vez mais o Orfeão e a própria U. Porto.
Podem contar com o nosso continuado e interessado apoio!

 Com as melhores saudações académicas.

 O Reitor
(José Carlos D. Marques dos Santos)"

quarta-feira, junho 06, 2012

Notas de curiosa "Benção"

Tropecei no seguinte video a que derma o título de "Benção das Pastas".
Curioso, cliquei, esperando ver um excerto da referida benção, até para perceber de alguma semelhança ou diferença de monta.
Obviamente que a diferença foi de monta, foi abismal, até. Com efeito, isso da publicidade enganosa faz que muito patinho caia, como eu caí.
Afinal, não se trata de nenhuma benção, mas de uma "estranha" cerimónia onde uma qualquer autoridade (que não se consegue identificar só pelo vídeo, mas presume-se que um docente) entrega as pastas fitadas aos finalistas.



Não se percebe muito bem de onde vem essa prática.
Em lado algum se entrega uma pasta fitada ao próprio dono. Qual o sentido ou simbolismo?
Certamente que gostaríamos de saber, para melhor entender.
Mas dou de barato ao acto que, ao que parece, pretenderá assinalar o rito de finalista (embora o que a tradição consagrou chegasse perfeitamente).
Não dá para perceber muito bem em que moldes é isso e quando foi inventada tal cerimónia, mas é algo que só os próprios nos poderão esclarecer.

Seja como for, um erro crasso ali ocorre: os estudantes, finalistas, apresentam-se de capa ao ombro, quando em qualquer cerimónia oficial o devem fazer de capa descaida pelos ombros.
Benção não é, fique claro, e pena é que os autores do vídeo (que serão estudantes da academia em causa) não tivessem tido o cuidado de atribuir correctamente o título àquilo que as imagens ilustram.



Já o vídeo que se segue, apenas consta para que se veja e perceba a estupidez de certa gente. Uma vergonha que alunos assim se comportem e sejam tão mal educados, grosseiros e brejeiros, principalmente num acto público, numa cerimónia oficial.
Se aquilo é um hino, é lamentável que o tivessem adoptado, de tão porco e nojento que é.
Se há gente que o entoa, ainda mais lamentável, pois não se esperava tal conduta em estudantes do superior.
Geração rasca? Os que estão ali retratado, sem dúvida!