quarta-feira, março 27, 2013

Notas a uma Serenata a sério



É claro e sabido que, por Lisboa, aquilo a que alguns têm a distinta lata de chamar Serenata Monumental, que abre os festejos da Semana Académica (vulgo Queima das Fitas)  na capital é tudo menos Serenata, é tudo menos tradição, é tudo menos adequado, sendo que só se lamenta o facto de algumas tunas se prestarem a esse papel e ao circo que esse dito "evento".

Mas as coisas não têm de ser sempre cinzentas, nem Lisboa tem de ser um caso sempre perdido no que respeita a respeitar a Tradição e a Praxe.

Tanto assim é que, de há uns anos a esta parte, o IST tem liderado uma verdadeira renovação de mentalidades no desejo de bem fazer, no estrito respeito por aquilo que é tradição, de facto, desfazendo-se de tudo quando são acessórios circenses, práticas sem nexo ou conceitos sem fundamentação (mitos, invenções...).

Desta feita, o IST, através do organismo que tutela a sua praxis, mostra, mais uma vez, como se faz, e bem, uma Serenata Monumental (a 1ª, porventura, de facto, em Lisboa), provando que excelência e qualidade não estão forçosamente arredadas das práticas estudantis.
Parabéns ao MCP do IST, na pessoa do seu Dux-Veteranorum, e aos seus estudantes.

Assim é que se promove e dignifica a Praxe.



segunda-feira, março 11, 2013

Notas às Lojas de Artigos Académicos

Este artigo já há muito que o devia a mim próprio e aos leitores do blogue.

Já por diversas vezes aqui se falou sobre a praxis de emblemas, pins... mas nunca tínhamos abordado uma outra questão, porventura de pormaior importância: o papel das lojas e empresas dedicadas à confecção e/ou venda de artigos académicos.

Floresceram nos anos 90, acompanhando o grande “boom” das tradições académicas e das tunas e oferecendo, quais hipermercados, artigos a um preço bem mais acessível – e a concorrência acabou por beneficiar o consumidor final (ainda que, muitas vezes, à custa da qualidade, diga-se, em abono da verdade).
Antigamente, os trajes adquiriam-se em alfaiatarias ou modistas; depois, em lojas de pronto-a-vestir comuns. Sapatos, esses, numa sapataria, obviamente, ao contrário do que hoje se torna comum: as lojas também os fornecerem.
Hoje massificou-se o negócio, a que se colou uma parafernália de acessórios tão inúteis quanto ridículos.
Nada a obstar, até aqui, excepto, precisamente, o que ainda agora acabámos de dizer: a venda de artigos cuja utilidade e pertinência é nula.
Cada um tem de fazer pela vida, é certo; mas um negócio sério deveria ser mais respeitador das tradições, evitando adulterar as mesmas a pretexto de lógicas comerciais que transforam a seriedade e sobriedade num verdadeiro carnaval. Não é bem um vender "cavalo por vaca", mas disponibilizar ambos por atacado.
 Dir-nos-ão que os estudantes só compram o que querem e que ninguém os obriga. Muito certo, mas não podemos ignorar (porque não somos papalvos) as bem urdidas técnicas comerciais de venda, para além de algo que parece por demais óbvio: parte-se do princípio de que uma loja que vende artigos académicos é séria e respeita a Tradição, pelo que tudo o que ela coloca à venda é “da Praxe”.
Ora é precisamente nesse ponto que se alicerçam os equívocos e com os organismos de praxe a fazerem vista grossa ao assunto.
Os estudantes, esses, seja por questões de carteira, seja por ignorância, compram o que lhes aparece à frente, sem grande critério, diga-se. E nos tempos que correm, então quanto mais der nas vistas melhor.
O resultado está bom de ver: às custas da tradição que se deturpa e, por isso, delapida, enchem-se as caixas registadoras dos euros ganhos a venderem pseudo-pastas da praxe para finalistas; fitas de finalista sem pés nem cabeça (estampadas, com desenhos…e às dezenas); emblemas sem fundamento algum; “penduricalhos”, como as famosas “madeirinhas”, que são mais um adorno vazio de sentido...  tudo contribuindo para a Praxe se vá progressivamente tornando num verdadeiro carnaval e feira de vaidades.
Têm as lojas culpa nesse corso carnavalesco?
Têm, claramente, ao colocarem no mercado artigos que os códigos (pelo menos os mais sérios) e a Tradição não contemplam, lado a lado com o que é autêntico e tradicional; ao venderem sem aconselhamento, sem procurarem, seriamente, respeitar a Tradição ou informar-se sobre a mesma (mesmo se sabemos que, algumas vezes, seguem código, eles próprios, pejados de artificialismos estapafúrdios).
 Muitas das invenções, muitas “árvores de Natal ambulantes” que vemos, são não apenas culpa, por omissão ou incompetência, dos organismos de praxe, veteranos e praxistas, mas são-no também das lógicas comerciais ávidas, que não olham a meios para atingir os seus fins.
Mais espantoso e digno de censura se torna quando algumas dessas casas comerciais foram fundadas e são propriedade de antigos veteranos e pessoas que desempenharam cargos de responsabilidade em Praxe.
Não têm que olhar à Tradição, pois as lojas não são organismos de Praxe, responderão, e bem. Certo. Não são, de facto, e, desse ponto de vista, nada a acrescentar. Mas perguntaríamos então, de onde provêm as pastas de finalistas e as fitas estampadas ou desenhadas (pois não consta que fossem iniciativa estudantil - legislada em código)? Se não são organismos de praxe, por que razão apareceram certos artigos (madeirinhas, certos emblemas, pastinhas de finalista e outras tretas......) que nunca foram contemplados autorizados ou criados no foro estudantil? Afinal quem dita a Praxe? Afinal onde mora a culpa de certas "invenções"? E depois querem fazer crer que é tudo "da Praxe"? Da "praxe" de quem?

Por isso importa falar de ética e seriedade no respeito por uma Tradição de que se aproveitam comercialmente.
E no que toca a ética... não devemos estar muito longe da verdade se dissermos que não há uma loja no país que não tenha telhados de vidro. Mas quando são os próprios estudantes que atiram pedras aos próprios sapatos… até “percebemos” que as lojas sacudam a água do capote, nesse capítulo, pois se os protagonistas comem e calam… alguém tem de lhes dar de “comer”. 


Seja como for, se os estudantes têm culpa no cartório pela sua falta de critério, as lojas e empresas que se dedicam a este tipo de comércio não saem de todo ilesas, ao terem inundado o mercado de acessórios que vendem, muitas vezes, com argumentos ou justificações erróneos.
As seguintes imagens são de algumas lojas que têm página na Net (muitas outras não têm), onde podemos ver os tais artigos à venda, confirmando o que acima expusemos (imagens a que colocámos jocosamente o "selo" de "Not Approved", para que o leitor possa perceber que "nem tudo o que luz é ouro", como diz o chavão).
 
Respeitamos e compreendemos a lógica comercial e a eficácia do cross merchandising.
Entendemos, no entanto, que estes estabelecimentos podem e devem ter, também, uma função pedagógica, ajudando a separar o trigo do joio; o que é essencial, do que é acessório; o que é Tradição do que o não é.
As nossas portas estão, como sempre estiveram, abertas para ajudar e aconselhar, dentro da modéstia dos nossos conhecimentos.