sábado, maio 11, 2013

Notas sobre Teorias Praxístico-Conspirativas (II)


Fui ler o emaranhado de patacoadas do tal Gillian, que o WB tão bem dissecou na parte I.

Devo dizer que dali só consegui extrair sentido dos sinais de pontuação.

Para memória futura, aqui ficam dois comentários que lá deixei:


Não perceber que a praxe – e em particular os seus “símbolos” – é uma sátira social em si mesma, é falhar redondamente na sua interpretação. Não passa de paródia: a utilização de símbolos pseudo-maçónicos é parodística; a inclusão de objectos como a colher de pau, a moca ou o penico é, mais uma vez, uma paródia à heráldica; o tom pomposo e a utilização de latim macarrónico em decretos e proclamações é, uma vez mais, sátira e paródia à solenidade académica e doutoral.
Infelizmente, os primeiros a não perceberem que tudo tem de ser levado na brincadeira e como paródia são os seus próprios protagonistas – com os resultados desastrosos das infelizes tragédias (os casos de polícia que muito bem relata) que são produzidas em nome dessa mesma praxe.
Há muito quem goste de exibir a sua boçalidade, acreditando piamente que os títulos aberrantemente pomposos (e, por isso mesmo, satíricos) são efectivamente descritivos da sua importância. Pobre e triste do que precisa da praxe para se sentir importante.
Dito isto, resta-me dizer que fui praxista (não era difícil de adivinhar) e sou um dos co-autores do tal livro que se vende por aí a 22€ – e cujo título lhe custa tanto referir (eu respeito a sua vontade e também não vou fazer aqui publicidade). Congratulo-me com o facto de o ter lido, o que deve querer significar que o comprou. Só posso depreender que o leu, pois fala da suposta charlatanice do mesmo com um ar de quem tem conhecimento de causa.
Afirma, entre outras coisas, que não passa da colagem de ideias de outros através de palavras nossas. Resta-me então concluir que todas as afirmações que faz nesta 1.ª parte são de sua lavra. Não sendo você contemporâneo(a) de Gerónimo; não tendo pertencido à Skull and Bones; não tendo vivido em 1870, resta que pelo menos a parte que diz respeito a estas informações foi bebida nalgum lado. E ou foi bebida em livros, ou foi bebida em sites. Se você é realmente possuidor de todos os livros onde constam todas as informações que aqui articula, tem de facto uma biblioteca de fazer inveja. Se não obteve as informações em livros (duvido de que o dicionário que cita ainda esteja protegido por direitos de autor…) nem em sites, então ou as ouviu a alguém, ou já nasceu informado delas todas.
Ou então não passam de vontades suas.
Se você pesquisou e se informou, fez muito bem. Está a acusar os co-autores de terem feito exactamente o mesmo que você fez. O.K. Com uma diferença: os co-autores do tal livro (etc., etc.) são tão intelectualmente “desonestos” que até indicam a obra, a página e até chegam mesmo a citar (crime hediondo!) as obras, para que o leitor possa chegar às suas próprias conclusões. Desafio-o a citar uma só passagem em que os co-autores imponham as suas conclusões como as únicas verdadeiras e possíveis.
Se o que consta neste artigo são vontades suas… bom. A liberdade de expressão é uma coisa muito bonita.
Mas sabe do que eu desconfio? De que você não faz a mínima ideia do que o livro contém e que se limitou a fazer aqui um rol de acusações gratuitas e infundadas.
Se me permite o conselho, não compre o livro. Não o leia. E digo-o sem a menor ironia. Ia desperdiçar os 22€ (e dar-nos uma margem de lucro imerecida).
Só um exemplo das suas patranhas neste artigo: a explicação absolutamente ridícula e fantasiosa da palavra “Intelligence”. Em primeiro lugar, “intelligence” é uma palavra inglesa que deriva do latim “intelligentia”, que por sua vez deriva de “intelligere”, que deriva de “legere” (ler). É a aglutinação da preposição “inter” (entre) e o verbo “legere” (ler). Literalmente, significa “ler nas entrelinhas” e, por arrastamento, compreender o verdadeiro sentido do texto, ser arguto.
Foi pena ter deixado de consultar o dicionário ao fim de um terço do artigo. Qualquer dicionário lhe explica a etimologia de inteligência.
Pena também que todo o resto do artigo (que até prometia) tenha resvalado para “ciência” do mesmo calibre.
Fico à espera da segunda parte (de uma série de 3 – o número maçónico por excelência… suprema ironia…)
Ah! E as relações entre o gorro frígio vermelho (1910, Portugal) e o comunismo chinês são absolutamente deliciosas! Ainda seria preciso esperar por 1917 pela Revolução Russa! A revolução comunista chinesa deu-se em 1949… ou seja, os portugueses inspiraram-se em 1910 num facto que só viria a acontecer em 39 anos mais tarde… Notável!
Ainda bem que o seu blogue é gratuito. Imagine o que seria ter de pagar por “ciência” deste calibre…
Honra lhe seja, pois aconselha os seus leitores a informarem-se. É que por aqui… não vão lá.

Eduardo