segunda-feira, outubro 13, 2014

Notas ao Copy-PESTE praxístico

Copy-PESTE, exactamente assim, porque traduz perfeitamente o que sucedeu à Tradição e à Praxe e ao que hoje é doutrinado e codificado em praticamente todas as academias do país como sendo tal.

Repetem-se os erros, aliás copiam-se e adicionam-se outros tantos, e a tudo se chama Tradição e Praxe, sem contudo haver o mínimo de cuidado em verificar, confrontar fontes e, de facto, perceber o que se diz, conceptualiza,  pratica.

Depois, pior que tudo isso, é perseverar no erro, mesmo depois de saber que o é.

Deixo este texto que merece reflexão, porque  perfeita metáfora para o que, nestes últimos 25/30 anos (especialmente nos últimos 15/20) tem ocorrido:


"CÓPIA DA CÓPIA MULTIPLICA O ERRO!
 

Um jovem noviço chegou ao mosteiro e logo lhe deram a tarefa de ajudar os outros monges a transcrever os antigos cânones e regras da Igreja.

Ele se surpreendeu ao ver que os monges faziam o seu trabalho, copiando a partir de cópias e não dos manuscritos originais.


Foi falar com o velho Abade e comentou que se alguém cometesse um erro na primeira cópia, esse erro se propagaria em todas as cópias posteriores. O Abade respondeu -lhe que sempre tinham feito assim, que há séculos que copiavam da cópia anterior.... na verdade, desde o início da Igreja, para poupar os originais.

Mas admitiu que achava interessante a observação do noviço.

Na manhã seguinte, o Abade desceu até às profundezas do porão do mosteiro, onde eram conservados os manuscritos e pergaminhos originais, intactos e com a poeira de muitos séculos...

Passou-se a manhã, a tarde e a noite, e ninguém mais vira o Abade.
 
O último que o vira informou que ele estava indo em direção ao porão. Preocupados, o jovem noviço e mais alguns monges decidiram procurá-lo.

Nos labirintos do mais profundo e frio compartimento do porão, encontraram o velho Abade completamente descontrolado, tresloucado, olhos esbugalhados, espumando e com as vestes rasgadas, batendo com a cabeça já ensanguentada nos veneráveis muros do mosteiro.

Apavorado, o monge mais velho do scriptorium perguntou:

 - Mas, Abade, pelo amor de Deus, o que aconteceu?

 - IMBECIL! IMBECIL! IMBECIL o primeiro copista!!! Desgraçado, que arda no Inferno! CARIDADE!!!!! ... era CARIDADE!!!! Eram votos de "CARIDADE" que tínhamos que fazer... e não de "CASTIDADE"!!!...."


Não é difícil, pois, perceber por que razão as coisas chegaram ao estado em que estão, no que diz respeito à noção de Praxe e ao conceito de Tradição Académica, sendo os códigos de praxe um perfeito exemplo da falta de critério, de qualidade, de competência que reinam por mão de ignorantes praxeiros, instalados em tronos que, quais sanitas, debitam peste.

E o que mais surpreenderá é perceber como é que tantos estudantes, ditos do Ensino Superior, parecem passar aos organismos de praxe como que uma procuração para que outrém pense por eles, seguindo regrazinhas e invenções em total cegueira, em fila ordeira e submissa, e capazes de cometer os maiores disparates e atentados à Tradição, só porque se fiam mais no nº de matrículas do que em verificar da autenticidade das doutrinas e dogmas destilados por gente incompetente e ignorante, que reina pelo simples facto de ser veterano, membro do conselho da praxe ou da comissão lá do bairro.

Mérito académico no que concerne a Praxe e Tradição....... isso já não se exige a quem manda, infelizmente.


Nota: O texto chegou-me por via do José António Balau, figura de destaque da Praxe e Tradição Académicas da academia do Porto.

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